CRÔNICA – PARA CECILIA

Amigos,
Segue com este E-mail, minha “oração” em memória da nossa Cecília.
Não pude estar na missa de hoje, a ela dedicada. Mas, estive plenamente com ela em minhas lembranças.

PARA CECÍLIA

(Suavidade e leveza, semelhantes aos movimentos das brisas da primavera.)

Diante de mim, uma folha em branco, um vazio que, aos poucos, vou preenchendo, letra após letra, palavra após palavra.

O texto, aos poucos, vai sendo construído e, nele, marcas de pensamentos e de lembranças ficam gravadas.

Minha amiga Cecília, nossa amizade foi sendo construída tal como este texto que escrevo: aos poucos e deixando lembranças que nunca se apagarão em mim. Lembranças de momentos nos quais aprendi sobre a vida, sobre a amizade, sobre a alegria da música e da dança.

Ah!!! Inesquecíveis momentos quando, entre tantas outras ali presentes, nos dias das danças em sua casa, ou na minha, você era sempre a que escolhia para que pudesse me deliciar com seus passos leves e com o ritmo do seu leve corpo, os quais, juntos, me levavam a bailar como se nas nuvens estivesse. Seus movimentos precisos, sua intuição de bailarina que a levava a adivinhar o passo seguinte que o parceiro daria, nossa!, era tudo o que se poderia desejar de alguém que, com a gente, partilhasse o prazer da dança.

Minha querida amiga, sempre presente nas fotos dos meus álbuns de infância e adolescência, você foi desaparecendo lentamente do meu dia a dia. Como se quisesse me preparar para que sua ausência se tornasse menos dolorida, e que as nossas ternas lembranças pudessem, como num caleidoscópio, se transformar em imagens inesperadas, mas sempre bonitas.

Seu nome chegou a mim associado à santa protetora dos músicos, uma devoção profunda do seu saudoso irmão, e amigo meu, Hortêncio. A paixão dele pela música e sua devoção por “Cecília”, certamente exerceram uma influência enorme sobre nós. Tornamo-nos , como ele, grandes amantes dessa arte e de sua magia.

Cecília, desde o começo de nossa amizade, a boa música nos acompanhou tornando-se o “fundo musical” da nossa história.

Ao pensar na sua partida, imagino, mesmo sem querer, sons. Uma sinfonia, um concerto, um solo de piano, ou de flauta…

Não sinto saudade de você. Não. Sinto você no meu momento presente, apenas isso, na música que estiver ouvindo, na sonoridade de cada instrumento, a cada nota que dele é tirada.

O Criador nos deu um sublime dom: o de podermos lembrar de alguém como quisermos. Cecília, sua lembrança desperta em mim sentimentos de suavidade e leveza, semelhantes aos movimentos das brisas da primavera. Eles me transportam no tempo, me fazem vê-la dançando alegremente as músicas que animavam nossas danças na juventude.

É assim que sempre me lembrarei de você, querida e inesquecível amiga.

Zezinho, 08/10/2011