FELIZ ANIVERSÁRIO!
J.L. Belas – dezembro de 2007
Aniversário: diz-se do dia em que faz um ano, ou mais, que se deu certo acontecimento.
É isso o que se lê no dicionário Aurélio.
Quando desejamos Feliz Aniversário a alguém, comemoramos um ou mais anos da data de um acontecimento, o dia em que ele/a nasceu.
Há algum tempo, li um pequeno livro, pouco conhecido, que me foi indicado por uma de minhas professoras. O seu título: O Papalagui.
A história desse livro é curiosa e seu conteúdo, muito interessante.
Essa obra é uma coletânea de “palestras” realizadas pelo chefe de uma tribo de Samoa. Nessas “palestras”, como as chamo aqui, Tuiavi contava a seus irmãos índios o que havia visto na Inglaterra, após sua visita àquele país, a convite da rainha, por ter sido um de seus importantes colaboradores por ocasião da II Guerra Mundial.
Samoa foi um ponto estratégico para a marinha inglesa e Tuiavi, um chefe que marcou todos os oficiais ingleses por sua inteligência e sensibilidade.
As narrativas de Tuiavi foram ouvidas por um dos oficiais e ele anotou tudo o que aquele chefe indígena falava para seu povo, transformando esse material num interessante documento, o livro O Papalagui.
A visão dele, índio, em relação ao “homem branco” (papalagui, na língua de Samoa) é impressionante e mostra que evolução tecnológica não tem nada a ver com sabedoria, e, principalmente, com a sabedoria para se viver.
O povo inglês, aparentemente anos luz à frente do povo de Samoa, teria muito que aprender com Tuiavi.
Como o nosso tema aqui é aniversário, tentarei reproduzir, resumidamente, o ponto de vista desse chefe indígena em relação a este assunto.
Tuiavi foi convidado para uma festa. Chegando lá, foi informado de que era uma festa de aniversário. Ele não entendeu o que significava essa comemoração. Disseram-lhe, então, do que se tratava e ele entendeu. Mas, ao voltar para seu povo, contou para ele sobre esse evento e disse aproximadamente o seguinte:
“Meus irmãos, o homem branco conta as luas. Aniversário é a comemoração de certa quantidade de luas que ele viveu. Isso é muito perigoso. Não façam isso, nunca. Pois o papalagui, de tanto contar as luas, descobriu quantas luas ele costuma viver. O mal é que, quando o papalagui descobre quantas luas um deles vive, nessa hora ele morre. Nunca contem as luas vividas. Só o Grande Ser sabe quantas luas vamos viver”.
Essa grande lição de Tuiavi talvez seja o motivo que levou os oficiais a terem tido dificuldade para saber quantos anos ele tinha. Sua expressão fisionômica e seu físico não davam nenhuma pista de sua idade. Ele apenas vivia, cada dia.
Tenho pensado nesse assunto.
Quando felicito uma pessoa por seu aniversário, penso no que Tuiavi disse e, de imediato, sinto que, ao fazer isso, estou desejando que o Grande Ser tenha programado para ela um futuro com muitas luas a serem vividas e que ela saiba aproveitar plenamente este tempo, com muita PAZ e ALEGRIA.
Para você, meus votos de um FELIZ ANIVERSÁRIO!