O VELHO E SEU NETO (*)
Empatia com os idosos
Era uma vez um velho muito velho, quase cego e surdo, com os joelhos tremendo. Quando se sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Derramava sopa na toalha e, quando, afinal, acertava a boca, deixava sempre cair um bocado pelos cantos.
O filho e a nora achavam aquilo uma porcaria e ficavam com nojo. Finalmente acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão. Levavam comida para ele numa tigela de barro e, o que é pior, nem lhe davam o bastante.
O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, muitas vezes cheios de lágrimas.
Um dia, suas mãos tremeram tanto que ele deixou a tigela cair no chão, se quebrando. A mulher ralhou com ele, que não disse nada. Só suspirou.
Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha e era ali que ele tinha de comer.
Um dia, quando estavam todos sentados na cozinha, o neto , de quatro anos estava brincando com uns pedaços de pau.
– ” O que é que você está fazendo ?”, perguntou o pai.
– ” Estou fazendo um cocho, para papai e mamãe poderem comer quando eu crescer.”.
O marido e a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro. Depois disso, trouxeram o avô de volta à mesa. Desde então, passaram a comer todos juntos e, mesmo quando o velho derramava alguma coisa, ninguém dizia nada.
(*) Conto de Irmãos Grimm, citado em ” O livro das virtudes”, uma antologia de William J. Bennett
Contribuição : Cecília Caram