O QUE É PSICOTERAPIA?

Psicoterapia: Teoria e Prática

Uma opinião muito pessoal

José Luiz Belas
fevereiro  –  2000

O fato de trabalhar como psicoterapeuta desde 1971 não torna mais fácil minha proposta de falar sobre este tema.

São muitos os métodos e as técnicas psicoterápicas utilizados atualmente, aplicados na busca de solução para os mais variados tipos de problemas humanos, estejam eles desenvolvendo-se em crianças, adolescentes, adultos ou idosos.

Essas práticas de tratamento psicológico podem ser realizadas com grupos ou em atendimentos individuais.

O que vem a seguir diz respeito, especificamente, à terapia que EU conheço e pratico, e não à Psicoterapia, enquanto conceito mais amplo, pois isto fugiria ao propósito do presente documento.

Certamente, muitos pontos importantes, como fundamentação teórica, filosófica, etc., de minha prática, serão, aqui, somente tocados de leve.

Muitas pessoas que lerão este artigo, provavelmente, não são versadas em psicologia, nem em psicoterapia. Não estarão habituadas a muitos termos técnicos deste campo profissional.

Se, por acaso, algum psicoterapeuta, ou leitor leigo, se interessar pelas ideias contidas neste pequeno artigo, e quiser algum esclarecimento sobre elas, mande-me suas questões e tentarei elucidá-las.

Explicado tudo isso, vamos ao texto propriamente dito.

O QUE É PSICOTERAPIA, PARA MIM

A psicoterapia para mim é – dito de uma forma bem simples – um conjunto de ações e fenômenos que são vividos numa relação de duas pessoas, quando uma delas, que denominaremos cliente, solicita àquela, que denominaremos terapeuta, que a ajude a conseguir alcançar um modo melhor de viver sua vida.

Na maioria das vezes, pede minha colaboração para conseguir sair de alguma situação que a impede de viver de modo mais pleno, mais equilibrado, mais feliz…

Quase sempre, nessas ocasiões, está vivendo um momento de sua vida que lhe parece uma prisão, um espaço pequeno que não lhe permite realizar um movimento mais solto, mais descontraído a nível psicológico, social, e, às vezes, até – visivelmente –

corporal.

Os motivos que trazem uma pessoa para um consultório de psicoterapia são imensamente numerosos e variados. Entretanto, costumo dizer que todos os clientes, que atendi até hoje, sofrem, invariavelmente, de um “único mal”: rigidez psicológica.

O QUE VEM A SER RIGIDEZ PSICOLÓGICA?

A rigidez psicológica se caracteriza por uma dificuldade, aparentemente ilógica, para mudar um comportamento indesejável.

Às vezes, também a denomino de “rigidez móvel”, tentando ilustrar esse comportamento indesejável com o movimento de uma roda, que gira em torno de seu eixo. “Nada é mais móvel e rígido do que isso”.

Por exemplo: uma pessoa sente medo do escuro. Nada justifica o seu medo, pois ela mesma percebe que “não há razão para senti-lo”, contudo não se consegue livrar

dele. Gira ao redor desse problema, sem conseguir escapar desse sentimento.

Outro exemplo: uma mãe preocupa-se demasiadamente com a arrumação da casa. Isso atormenta sua vida, pois ninguém consegue, tendo várias pessoas morando com ela, manter tudo limpo e arrumado durante 24 horas. Sabe disso. Entretanto, sua angústia não diminui, se, mesmo que por poucos minutos, deixar uma panela suja, por lavar.

Um terceiro exemplo: uma pessoa sente-se gorda, embora seu peso esteja bastante abaixo da tabela. Vive fazendo regimes. Mesmo tendo consciência do perigo que corre, toma remédios que fazem mal à sua saúde, mas que prometem uma diminuição do seu peso. Percebe, com clareza, a ilogicidade de suas atitudes, mas, mesmo assim, não consegue modificar seu comportamento.

A rigidez, em seus vários níveis, é um desafio para as pessoas que estão vivendo – diretamente – com o cliente, portador dessa dificuldade, pois, quanto mais lhe dizem para parar de agir do modo como está agindo, mais ele continua repetindo as ações que o prejudicam.

A psicoterapia não é um momento em que um cliente recebe uma ajuda semelhante às que lhe dão os seus pais, colegas, amigos e sacerdotes… Tais ajudas são muito diferentes daquelas que acontecem numa relação genuinamente terapêutica.

Embora existam algumas técnicas psicoterápicas, que se utilizam de aconselhamentos bemdirigidos, que instruem seus clientes sobre o modo como se deverão comportar para superar suas dificuldades, não atuo dessa forma, por não acreditar que essa maneira de ajudar seja a que promove maior autonomia para o meu cliente.

Considero que não basta criar saídas alternativas para o problema do cliente, dando-lhe soluções, por mais sábias e inteligentes que sejam. Pelo contrário, quanto mais o terapeuta assume a postura de conhecedor do que é melhor para o seu cliente, mais o cliente “se coloca nas mãos” do seu terapeuta, transformando-o num “mestre”, “guru”, ou coisa que o valha. Não é nisso que acredito.

No início da terapia, o cliente, às vezes, vê o terapeuta como um “mestre”, ou como um profissional que estudou psicologia e problemas humanos, e, teoricamente, sabe mais do que ele (cliente) sobre o que se deve fazer, quando se está com determinada dificuldade. Todavia, cabe ao terapeuta – através de sua própria postura durante o “encontro terapêutico” – ajudar seu cliente, progressivamente, a rever essa percepção, já que ela é bastante irreal.

O terapeuta não é um mestre, um professor, o que vai ensinar alguma coisa ao cliente, mas sim uma pessoa que está verdadeiramente disponível para aprender. Aprende com o seu cliente, sobre o próprio cliente e sobre si mesmo. Vai, durante todo o processo terapêutico, entendendo, progressivamente, como aquela PESSOA foi sendo construída ao longo da sua história pessoal. Esse aprendizado ocorre num contexto no qual as duas pessoas em relacionamento acabam “re-vendo” e compreendendo, de forma mais completa, a dinâmica desse organismo – o cliente – que busca uma reorganização de si mesmo.

Veremos, mais adiante, as consequências desse aprendizado (a terapia) no processo de melhora da pessoa que está com dificuldades.

Crianças, jovens, adultos, pessoas de idade, casais, pais, filhos…,todos têm uma história. Essa história me é contada entre quatro paredes. Ali, eles “se arriscam” a mostrar seus verdadeiros eus, em muitos casos, pela primeira vez.

ASPECTOS GERAIS DO PROCESSO PSICOTERÁPICO

A vivência psicoterápica é, indiscutivelmente, apaixonante, tanto para o terapeuta quanto para o cliente.

Mesmo quando essa atividade não é bem sucedida, o que se aprende através dela é, certamente, uma grande lição de vida e de relação humana.

É claro que, quando uma terapia chega a bom termo, essa gratificação recíproca é mais apaixonante ainda.

Seria enganoso pensar que todas as psicoterapias cheguem a bom termo, que sempre tudo corre bem, que todos os cliente evoluem, crescem, melhoram, ficam “curados”.

Nem sempre uma pessoa que busca ajuda psicoterápica encontra condições favoráveis, que lhe facilitem mergulhar totalmente na busca de si mesmo. Isso pode ocorrer por muitos motivos. No que diz respeito ao cliente, podemos observar: medo elevado de se expor ao terapeuta; ter vindo fazer sua terapia por imposição de familiares ou de profissionais que consideram que isso lhe seria de grande auxilio; ter uma ideia muito distorcida do que é uma psicoterapia, vindo à espera de um conselheiro que o guie e lhe diga o que fazer de sua vida (particularmente, considero esse tipo de conduta o oposto da que está presente numa verdadeira psicoterapia). Nesses casos, geralmente, são pessoas muito dependentes, inseguras, que não conseguem mais gerir suas próprias vidas e desejam entregá-las nas mãos de outras pessoas. Quando esta última situação acontece, terapeutas que aceitam esse papel acabam tornando-se tutores de seus clientes, e vários níveis de dependência e de perda da autonomia são gerados nessas, aparentemente, “indefesas” criaturas.

No que diz respeito ao terapeuta, podemos apontar alguns fatores, como, por exemplo: pouca experiência profissional; não estar à vontade na relação com seu cliente; dificuldade para aceitar o cliente e compreender o seu discurso; dificuldades pessoais que o impedem de lidar tranquilamente, e de forma segura, com a problemática trazida pelo cliente, etc.

O que quero que fique claro é: quando há uma dificuldade para que o processo psicoterápico caminhe, não se pode atribuir isso somente a uma “falha” do terapeuta ou do “cliente”, mas, sim, a uma dificuldade na relação, ou seja, como a psicoterapia acontece numa relação humana, é bem provável que, quando surgir algum problema nesse relacionamento, o processo fique automaticamente comprometido.

Um processo terapêutico, portanto, não acontece, apenas, quando o terapeuta é competente. A competência para uma relação terapêutica é algo despertado no momento mesmo em que a relação se inicia, no momento em que duas pessoas (quase sempre desconhecidas) entram em contato pela primeira vez. Nele, nasce a possibilidade do “encontro”. E, quando esse “encontro” acontece, temos uma chance de que ocorra um “re-conhecimento”, uma “descontrução/autorreconstrução” dos eus envolvidos nele. Isso significa a possibilidade do surgimento de uma mudança no modo de o cliente e de o terapeuta se verem e verem o mundo que os cerca (com tudo aquilo que o compõe).

Creio que, quando o cliente se arrisca a “re-conhecer, a desconstruir seu eu”, começa a ter, também, a possibilidade de “re-construir” seu “EU” e, com isso, mudar sua conduta. Essa, tudo indica, é determinada pelo modo como cada pessoa se vê e se reconhece, ou seja, pelo conceito que faz de si mesma.

A percepção de si, quase sempre, nos casos das pessoas que nos procuram buscando ajuda, costuma ser distorcida, confusa, equivocada e derivada de muitas informações erradas, que ela foi acumulando sobre si mesma, sobre o mundo e sobre os outros, ao longo de sua história pessoal.

COMO AS PESSOAS VÃO CONSTRUINDO A IMAGEM DE SI MESMAS?

A Criança Recém-nascida

Nasce uma criança. Mas, antes disso, sua história já está sendo construída.

Ela nasce num continente, num país, num estado, numa cidade ou num lugarejo, onde, geralmente, seus pais, avós e parentes mais antigos viveram.

O que escreverei abaixo, talvez não corresponda exatamente ao que costuma acontecer a todas as crianças, mas estou quase convencido de que a maioria das histórias dos seres humanos tem o seguinte começo:

“Era uma vez uma criança que nasceu em tal lugar, filho de fulana com sicrano, neta de tais e tais pessoas, que residem em um certo lugar, há alguns anos ou há muitos anos…”

Note que a história de uma criança começa bem antes de ela nascer, pois, antes mesmo de receber um nome, ou apelido, ela é filha, neta, bisneta de pessoas que têm suas características físicas, psicológicas, seus valores morais, religiosos, posicionamentos políticos… que vão marcar todo o contexto, no qual ela será gerada e, provavelmente, crescerá.

Muitas vezes a criança é desejada, mas se espera e se prefere que seja um menino.

Mas … nasceu uma menina.

Bem, o que fazer agora?

Dizer: Que droga!

Ou falar, como muitos falam: Está bom! É tudo filho mesmo!

Essa criança já começa sua história de um modo bastante diferente, se tivesse nascido menino.

Você me pergunta: isso é um fato assim tão sério?

Respondo: Não, necessariamente!

O que quero salientar, com este exemplo, é que coisas mínimas vão tecendo todo o contexto de uma história pessoal.

Quero dizer, também, que acredito que a disponibilidade que se tem para uma criança, os sorrisos que lhe são dirigidos, o carinho que recebe são bem mais fartos e sinceros, quando é desejada e nasceu realizando as expectativas dos pais, do que no caso oposto.

Mais uma vez você me pode perguntar: isso é tão catastrófico assim?

Respondo: Não, necessariamente!

Esse pequeno exemplo serve apenas para ilustrar que um número infinito de expectativas é colocado na espera de um filho, mesmo quando a gente não se dá conta disso.

São cravadas em nós pela nossa própria história, pois estamos crivados de valores que nos são transmitidos pela nossa sociedade, pela nossa cultura, através de nossas famílias, educadores e instituições de outras naturezas…

Esperamos filhos, mas não quaisquer filhos, com qualquer forma, com qualquer cor, com qualquer inteligência, com qualquer saúde, com qualquer aptidão, com qualquer tipo de personalidade, com qualquer cor dos olhos ou dos cabelos… Entendem?

Queremos os filhos idealizados por nós e não os que concebemos e que nasceram de nossas relações com a outra pessoa.

Ah! Mas, às vezes, elas “saem melhor do que a encomenda”, são mais bonitas e inteligentes do que se sonhou. E todos ficarão encantados com nossos filhos e nós, orgulhosos e envaidecidos por tê-los. E, ai?

Tanto num caso, como noutro, eles são “decepções”. No primeiro caso, uma “decepção negativa” e, no segundo, uma “decepção positiva”. É isso! Podemos falar assim, pois, tanto num como no outro, eles, os filhos, não são como eram esperados.

Voltemos ao tema base da questão: a história de cada um, seu começo e suas características, em função das expectativas que os pais e as demais pessoas criam em relação àquele novo ser que acabou de chegar.

Retornemos.

Nasceu um bebê.

Vamos chamá-lo de bebê 1 ou organismo 1.

É a primeira vez que alguém olha para ele e ele desperta nessa pessoa, que a olhou, algum sentimento. Esse sentimento se refletirá no comportamento daquela pessoa em relação a ele. Ela o pegará nos braços, com carinho, com atenção, com cuidado. Lançará sobre ele um olhar de ternura e desejará que o mundo lhe seja amigo, que as pessoas lhe queiram bem e que todas as forças do universo estejam sempre a seu favor, protegendo-o e guiando-o, durante toda sua vida, seus passos. A essa pessoa, juntam-se outras. Parentes e amigos desejam-lhe o mesmo.

Nasce um bebê.

Vamos chamá-lo de bebê 2 ou organismo 2.

É a primeira vez que alguém olha para ele. Agora, nesse caso, ele desperta nessa pessoa um sentimento nada agradável. Há uma sensação de desconforto, de chateação. Ela pega a criança, segura-a nos braços com força, com irritabilidade, sem ternura. É como se segurasse um embrulho a ser descartado o mais depressa possível. Seu tom de voz é áspero e duro. Ao vê-la, experimenta o desejo de que ela não estivesse ali, ou, ainda, que nunca houvesse chegado. Não há boas-vindas, não há votos de um futuro feliz.

Ali, não se encontra mais ninguém, a não ser aquela que não consegue sequer esboçar gestos de alegria e felicidade.

Essas duas situações, talvez extremas, retratam uma significativa diferença entre dois inícios de histórias pessoais.

É bem provável que essas histórias continuem com este mesmo colorido, mesmo depois deste momento inicial.

Retratam um contexto provável que cercará cada um desses dois bebês, e cada um deles “sentirá”, a seu modo, uma sensação bem diferente.

No primeiro caso, provavelmente experimentará a sensação de que o lugar a que acaba de chegar é um lugar onde as pessoas o amam, onde há paz, confiabilidade, acolhida. Parecerá um mundo bom.

No segundo caso, ao contrário, o lugar lhe parecerá hostil, pouco confiável, no qual não é bem recebido. Um lugar onde há pouca paz e pouco amor. Parecerá um mundo ruim, onde se poderá confiar em pouca gente.

A criança agora tem um ano de vida.

O mundo dessa criança, nos primeiros meses, é o “seu lar”.

Lar, aqui, significa o lugar onde ela vive (ou sobrevive).

Nesse mundo, ela vai entrando em contato com coisas, objetos, pessoas, animais, palavras, ideias, seu corpo e as sensações dos estímulos de várias naturezas que  experimenta. Esses estímulos têm propriedades específicas e podem atingir partes diferenciadas desse organismo complexo, que é um ser humano em desenvolvimento.

A criança, ainda que não consiga compreender o que se lhe diz, percebe o conteúdo emocional (a entonação) do que lhe é dirigido verbalmente. Além disso, sente, com todos os seus outros sentidos, as oscilações do meio em que cresce.

Quero, com isso, afirmar que, mesmo não podendo compreender o significado verbal do que lhe é dito, absorve as sensações que lhe são enviadas e as “classifica” como positivas ou negativas, para a manutenção da qualidade do seu organismo.

Acrescente-se, aqui, que, por ORGANISMO, designamos

“(…) a totalidade do indivíduo (…) Diz respeito à totalidade das experiências vividas pelo indivíduo, envolvendo sentimentos, pensamentos, emoções, etc. O organismo, para Rogers, está concebido como uma totalidade que interage com o ambiente” (GOBBI, S. L. & MISSEL, S. T., Abordagem Centrada na Pessoa – Vocabulário e Noções Básicas, Santa Catarina: Edit. Universitária – Unisul, 1998).

Como qualquer ser vivo, uma criança é capaz de detectar os estímulos que o atingem como sendo valiosos ou não para o seu bem-estar e seu desenvolvimento saudável. Tende a repetir e a “avaliar” como positivas as que contribuem para o seu desenvolvimento e sua melhoria. Por outro lado, tende a agir de forma oposta, quando, pelo contrário, experimenta situações que são prejudiciais à melhoria e ao desenvolvimento de seu organismo.

A criança de um a sete anos 

Sei que não esgotei as informações sobre a criança no seu primeiro ano de vida. Mas, sei também que isso seria impossível neste modesto trabalho. Nem seria, além do mais, necessário me alongar muito para o que pretendo argumentar mais adiante. Por isso, permito-me passar a fazer considerações sobre a criança durante os seis ou sete anos seguintes ao primeiro.

– A criança, nesta fase, terá, progressivamente, capacidade para compreender o que ocorre ao seu redor.

– Cada vez mais percebe os estímulos que lhe chegam e os que, partindo dela, chegam ao seu ambiente (objetos, sentimentos, coisas, pessoas, animais…).

– Paralelamente ao desenvolvimento de sua inteligência, há, também, o de sua percepção do mundo, das pessoas e das relações entre ela e tudo isso.

– Progressivamente vai percebendo que suas ações são avaliadas como positivas ou negativas, aceitas condicional ou incondicionalmente, ou não.

Vejamos um exemplo concreto:

Uma criança de quatro anos pega um tambor e, como isso, para ela, é uma experiência muito interessante, que lhe parece agradável, divertida, boa, começa a bater nesse instrumento. Faz um barulho infernal! As pessoas reagem, principalmente se não estiverem dispostas a viver essa “irritante experiência”.

Essa reação dos adultos pode ser dirigida em duas direções: ao barulho ou a quem o está produzindo.

No caso de ser dirigida ao barulho, o adulto poderá dizer para a criança:

– Pare de bater! Eu não gosto de barulho!

Ou dizer de outro modo:

– Pare! Já está tarde, escuro, e, nessa hora, não se pode fazer barulho!

Ou, ainda mais:

– Não faça isso, pois sua irmã está dormindo!

No caso da reação do adulto ser dirigida a quem está fazendo barulho, talvez ela diga o seguinte:

– Que coisa feia! Você é uma boba fazendo esse barulho todo!

Ou, ainda:

– Um(a) menino(a) bonito(a) não fica batendo tambor assim!

Ou, ainda mais:

– Pare com isso, você é uma criança chata, que está perturbando o sono

de sua irmã.

Notemos que, nesses dois exemplos, há uma diferença brutal entre as formas de se ajudar uma criança a perceber o quanto pode ser inadequado o que ela está realizando.

No primeiro caso, entretanto, mostramos que O QUE ELA ESTÁ FAZENDO É ERRADO.

Já, no segundo caso, o que mostramos é que ELA É UMA PESSOA ERRADA.

 

As consequências dessas duas atitudes são profundamente diferentes, no que se refere à repercussão disso na construção da autoimagem de uma pessoa.

Quando mostramos que “o que ela está fazendo está errado” e apresentamos as justificativas para isso, não a estamos condenando. Estamos aceitando que ela faça o que está fazendo, mas lhe acrescentando um dado que sugere a inadequação de sua ação. Com isso, ela poderá fazer a correção do seu comportamento sem precisar sentir-se culpada, nem necessariamente má, errada…

No segundo caso, quando mostramos que “ela é uma pessoa errada”, condicionamos seu comportamento, deixando-lhe claro que só será aceita e amada por nós se deixar de fazer o que está fazendo. No exemplo dado acima, parar de fazer barulho.

Em ambos os casos, a criança tocava o tambor, porque fazer isso lhe parecia uma coisa agradável e interessante. Ouvia o que tocava, sentia o ritmo… Era, sem dúvida, algo tão bom para ela!

Agora, depois de ser considerada uma criança errada, por ter tocado tambor, fica-lhe a sensação: o que lhe parece bom, correto, agradável, talvez lhe possa trazer consequências desastrosas para a obtenção do afeto, que lhe é tão necessário.

O ser humano é movido a afeto. A criança é movida a afeto. Deseja ser aceita, amada, apreciada e fará tudo para conseguir isso.

Não só ela, nós todos, embora já adultos e com um senso crítico maior, vivemos procurando essa tal aceitação, esse reconhecimento por parte das pessoas em geral e, principalmente, daquelas que consideramos importantes para nossas vidas.

Para a criança, pai, mãe, pessoas próximas, professora… são pessoas muito importantes, que se incluem entre aquelas das quais a criança teme perder o afeto.

Por tudo isso, a criança passa a se sentir importante, amada, segura, quando esses adultos – significativos para ela –agem de tal forma que ela experimente todos esses sentimentos, vindos das pessoas para ela, ou seja, quando se sente amada, apreciada, aceita, não julgada…

Fazer uma crítica a um comportamento de uma criança é uma coisa, outra é fazer uma crítica à pessoa dela, ao seu self, ao seu eu.

Uma coisa é dizer-lhe: o que você fez não é uma coisa legal.

Outra coisa é dizer-lhe: você não é legal.

Espero que a importância deste fato tenha ficado clara.

Partindo daí, pode-se entender que uma criança, gradativamente, vai compreendendo o que dizem em relação a ela e não somente sentindo o que parecem sentir por ela. Aos poucos, vai também formando, sobre si mesma, uma ideia, um conceito, um autoconceito.

A partir do que dizem sobre seu modo de ser e agir e também do que ela própria vai percebendo a este respeito, começa a montar uma imagem de si, que funciona como um modelo de comportamento, ou, melhor dizendo, um dispositivo que impulsiona a pessoa a agir em função dessa imagem de si que ela construiu.

Querem ver?

Por exemplo: uma criança que chegou a construir uma imagem de si como sendo lerda, pouco ágil, burra… certamente se comportará assim, mesmo que não apresente nenhum atributo que justifique esse seu comportamento e performance.

Com o tempo, passa a acreditar que ela é assim, agindo de modo condizente com a imagem que faz de si mesma.

É impressionante como, para manter o apreço das pessoas que as cercam, as crianças chegam a acreditar serem aquilo que os adultos dizem sobre elas. Funcionam de acordo com os rótulos a elas atribuídos: “rótulo de potência primária”.

Os exemplos são muitos, e não é necessário ir-se muito longe para perceber, em nós mesmos, os reflexos disso, pois também já fomos crianças.

Só para ilustrar, perguntaria: quem de nós tem a tranquilidade suficiente para fazer coisas simples, tais como um discurso, cantar para pessoas desconhecidas, sem que fiquemos superpreocupados com o que os outros vão pensar, como nos vão julgar? Poucas pessoas estão neste grupo.

Tememos fazer papel de tolos, imaturos, etc. o que, se pensarmos bem, não procederia, se levássemos em consideração que não há nada demais em participarmos de tais atividades (discursar, cantar em público…). Mas o medo de sermos criticados está lá, bem dentro da maioria de nós, como se fôssemos ainda aquela criança que precisa agradar e não fazer feio, ser gostada e admirada.

Vocês poderão juntar a este exemplo dado, milhares de outros que vivem no dia a dia, quando inibem comportamentos e ações com medo das opiniões alheias.

Não me vou mais alongar neste tema também. Só quero mostrar o quanto, no afã de agradarmos – ou de não sermos julgados pelo outro – sufocamos nosso mais verdadeiro eu, nossa espontaneidade, nossa autenticidade.

AGORA JÁ SOMOS CRESCIDOS, ADULTOS  , IDOSOS

Mesmo que tenhamos alcançado uma idade, em que a capacidade de compreensão de nossas ações seja bastante clara, não estamos livres das dificuldades para lidar com a não aceitação do outro, ou, pior ainda, com a nossa própria não aceitação do nosso mais verdadeiro modo de ser e pensar.

Quando isso ainda está acontecendo, o que surge daí?

O que se costuma constatar é um enorme conflito entre o que chamaria de Eu Construído (o eu que nos foi imposto pelos outros) e o Eu Latente (o verdadeiro eu que ainda está por ser mostrado).

EU não consigo ser EU. Só consigo ser o que esperam que eu seja.

Mas, no fundo, gostaria de ser o que EU sou. Mostrar o que sinto e penso.

Entretanto, ainda tenho medo das consequências desse “mostrar-me”.

É como se somente me reconhecesse sendo do modo que sempre acreditei que fosse, e como as pessoas dizem que sou. Isso, sim, parece que sou eu.

Essa coisa, que, muitas vezes, sinto como meu EU verdadeiro, soa-me como estranha e perigosa, principalmente se me descuidar do controle e permitir que ela se mostre, se “coloque para fora”.

Há como que uma divisão interna, uma “dupla personalidade” que se manifesta, às vezes, em níveis terrivelmente elevados. Uma confusão. Como se a pessoa estivesse meio fora da realidade, desestruturada.

Ela se pergunta, não exatamente com essas palavras:

Quem sou eu? Onde estou?

Foram essas duas perguntas – implícitas na indagação de cada cliente que chega ao meu consultório – que me inspiraram a compor um “poema”, que descreve um pouco do que considero ser um processo terapêutico.

Essas perguntas feitas concretamente pelos clientes, ou de modo indireto, representam essa busca, essa sensação de estar meio “perdido” entre este Ser uma Pessoa e não Ser, ao mesmo tempo.

É também uma necessidade de ela situar-se num “espaço existencial”, em que o tempo parece ser confuso: fui, sou, ontem, hoje, fui/ontem, sou/hoje, sou/ontem, fui/hoje…

O poema, escrito em 1978, fez parte do curso de treinamento que dei para os meus estagiários do Hospital Estadual Psiquiátrico – Jurujuba – Niterói – RJ.

Nesse texto, em forma poética, tentei passar para os estagiários o modo como vivencio uma relação terapeuta/cliente, o que compreendo ser “uma psicoterapia”.

EU QUERIA PODER DIZER-LHES

(Sobre a relação terapêutica)

J.L. Belas

agosto de 2008

Eu queria poder dizer-lhes, exatamente, o que sinto,

quando UM OUTRO de mim se aproxima e, com olhar interrogante, se pergunta:

Onde estou? Quem sou?

Queria poder transmitir-lhes minha vontade

de entrar na “casa dele”, habitar ali e sentir,

bem de perto, suas alegrias e pesares.

Seria maravilhoso poder descrever-lhes, em tons fortes,

minha inquietude na espera de ser convidado a ultrapassar

a porta que separa o seu mundo do meu.

Bom seria, também, se vocês pudessem sentir

o sorriso que se abre dentro de mim,

quando abandono minha vida lá fora e

me entrego – todo – à vida dele.

Fico feliz quando ele me toma pela mão

e me leva a conhecer cada recanto de sua morada.

É como se eu deixasse de existir, me perdesse no universo dele…

– E começa a procura…

Aqui e ali nos desencontramos,

pois “a casa” tem muitos cômodos, e nós não a conhecemos bem.

Ele não tem, também, muita ideia de como é sua própria casa.

Somos dois exploradores de mãos dadas…

Os dias se passam e, muitas vezes, estamos “parados”, no mesmo lugar…

Não sabemos por onde ir, o que fazer…

Ele dá um sorriso alegre – “encontrou” um velho e querido brinquedo esquecido

pelo tempo que já longe vai…

É uma boneca de pano – velha, mas linda!

É um carrinho sem rodas que lhe faz brotar – lá do fundo – uma lágrima de dor.

É um nome – Pedrinho – que faz com que seu corpo todo seja – de alegria – um

tremor só: foi uma época inesquecível!!!

É um olhar fugidío e um ar de tristeza: uma gaiola já enferrujada e vazia…

Seu mundo vai-se tornando também meu.

Posso quase tremer de alegria, ou chorar de tristeza, ao “lembrar” de nomes e

ao “ver” objetos.

E eu “não existo” naquele momento…

Eu “sou” o outro.

Eu vivo muitas vidas além da minha.

Eu me sinto um velho… Eu me sinto uma criança…

Sinto-me EU. Sinto-me ELE, fazendo-me as mesmas perguntas:

Onde estou? Quem sou?

Acredito que, se você observou bem o conteúdo deste poema e os simbolismos nele contidos, e se você tiver alguma experiência no atendimento psicoterápico, certamente compreendeu tudo o que quis passar.

Se você já viveu uma experiência desse tipo como cliente, certamente entenderá o que escrevi.

Se você ainda não vivenciou este processo, talvez ainda sinta necessidade de que eu esclareça alguma coisa.

Então é para você, que se encontra neste último caso, que escrevo o que vem a seguir.

O cliente se indaga, confuso, o que está acontecendo com ele.

Por que age como age e não consegue sair desse vaivém, deste círculo vicioso, daquela rigidez de que falei anteriormente. Lembra-se?

Estou ali, diante de uma pessoa que se propõe a abrir suas mais escondidas portas e a me mostrar o que há por detrás delas.

Minha atitude é de espera, pois penso que essa busca, à qual o cliente se lançou,

é profundamente heroica e merece de mim todo o respeito.

Espero ser chamado a ultrapassar a porta que separa o seu mundo do meu.

Nem sempre isso acontece logo no início da terapia. Posso compreendê-lo, pois, embora seja eu um profissional sob código de ética, não é isso que o impede de abrir as portas de seu mundo para mim, mas, sim, o medo que reside dentro dele. Medo de ver o que há por trás delas e, além disso, para aumentar essa sua dificuldade, tendo com ele uma “testemunha”.

Mas, aos poucos, enquanto me mostra seu mundo, vou participando de tudo que me é apresentado e, aos poucos, o universo dele começa e ficar familiar também para mim.

A partir daí, cada fato apresentado por ele, e comigo compartilhado, passa a compor uma história para nós dois.

Essa história torna-se cada vez mais compreensível para mim e para ele.

Poder-se-ia pensar que o cliente teria meios para fazer isso – essa recomposição de sua história – sozinho, e não precisaria desse “simples” acompanhante. Estaríamos equivocados se pensássemos deste modo, pois o que se mostra mais significativa e necessária para que aconteça esta “caminhada” é a qualidade da relação, criada através do encontro terapeuta-cliente, consolidada no fato de estarem juntos, serem parceiros, companheiros de uma mesma jornada.

Outros fatores fundamentais para que a pessoa possa rever-se e reorganizar-se, através do processo de terapia, estão também ligados à presença desse Outro, o terapeuta.

Explicando isso melhor, vejamos: a negação do verdadeiro self do cliente foi determinado por uma necessidade de ser aceito por algumas pessoas significativas para ele. Para ser aceito por elas, precisou negar suas características verdadeiras, e agir de acordo com o que essas pessoas exigiam dele. Só seria aceito, amado, valorizado, se fosse como gostariam que fosse.

Embora, intimamente, possa sentir que seu modo de ser não é coerente com o que ele É DE FATO, ser o que é torna-se muito arriscado. É como se experimentasse, novamente, a velha sensação que pode ser descrita assim: se eu for EU MESMO, serei repreendido, julgado, não aceito. Um velho sentimento apodera-se dele, e, como nos velhos tempos de criança, recua e não arrisca SER ELE MESMO.

É, nesse momento, que a figura do terapeuta se torna significativa, pois se torna uma nova e atual “pessoa-critério” para o cliente. Acredito na importância dessa presença aceitadora, acolhedora, que vem de alguém que sinceramente quer estar ali, que gosta do cliente, que lhe traz de novo uma sensação antiga (a dos primeiros contatos com o seu mundo). O terapeuta compreende o cliente, aceita sua história, não julga sua conduta, seus sentimentos. Torna-se, durante o processo terapêutico, não um ser idealizado, mas uma pessoa verdadeira, humana, com falhas, dificuldades, etc. Esse encontro PESSOA-PESSOA cria condições para que o cliente consiga resgatar sua própria humanidade, sua pessoa, seu verdadeiro self.

Esse terapeuta é um ser humano e, em contato com seu cliente, sente-se cada vez mais humano, por estar constantemente “viajando” nesse caminho, que vai de si (terapeuta) para o outro (o seu cliente) e vice-versa.

No final, nesse território em que os dois, num nível de humanidade se encontram, a pergunta final surge também no terapeuta: Onde estou? Quem sou?

Essa fusão parece-me imprescindível.

É nela que o encontro mais profundo se dá e no qual a mudança mais intensamente ocorre.

São agora duas pessoas, transitando num mesmo mundo fenomenal, podendo “ver as mesmas coisas”, senti-las, compreendê-las, aceitá-las…

Tanto para o cliente quanto para o terapeuta, qualquer processo terapêutico bem sucedido é uma ampliação da compreensão de si, do outro e do mundo.

AS DIFERENÇAS NOS ATENDIMENTOS: CRIANÇAS… IDOSOS

Estou partindo do pressuposto de que, de certo modo, todos os clientes apresentam uma mesma dificuldade que denominei RIGIDEZ (ou, se quisermos, rigidez móvel).

Tanto faz ser uma criança de 5 anos, uma pessoa de 40 ou um idoso de 70, todos estão buscando uma mesma coisa, embora de formas distintas.

As minhas atitudes, quando atendo uma criança, assemelham-se enormemente àquelas que tenho quando atendo uma pessoa de 70 anos.

Todos os clientes querem: atenção, respeito pelo que me estão confidenciando, traduzido por uma aceitação (não julgamento) de suas condutas.

Querem sentir, em mim, sinceridade no que falo e no que faço, e querem sentir que – de fato – eu entendo (ou me esforço para entender) o que me estão dizendo.

Querem que eu ria com elas, mas também valorizam minha tristeza e minha emoção, quando me contam os momentos difíceis pelos quais passaram.

Querem que eu as escute, mesmo nas falas mais simples, ou aparentemente tolas.

Gostam de que eu me lembre de fatos que já me contaram, há muito tempo, e que acreditavam que eu deles não mais me lembrasse. Sentem, nessas horas, que eu, de fato, dei valor a tudo o que me falaram.

Gostam de que eu acompanhe seu caminhar, mais do que me acompanharem no meu.

Se a criança quer brincar de desenhar, pintar, fazer palavras cruzadas e ficar nisso todo o tempo da sessão, é isso que iremos fazer.

Se uma pessoa de idade quer me ensinar a fazer um delicioso bolo de abóbora, e me dá todos os detalhes de sua elaboração, vivo isso intensamente. Eventualmente, trocamos receitas.

Eu a sigo. Procuro ser um acompanhante muito atento.

Também procuro ser um mero ajudante neste percurso, carregando, vez por outra, uma lanterna, uma pá… ferramentas essas que utilizo quando me pedem que assim faça.

Esse meu “papel secundário” talvez seja um ingrediente potentíssimo para que o processo todo ocorra com sucesso, e crie essa autonomia e essa confiança necessárias para a possibilidade de meu cliente (jovem ou idoso) “arriscar a mudança”.

Em resumo, creio que o fenômeno da mudança, que surge no cliente através do processo terapêutico, é resultado da qualidade da relação criada entre o terapeuta e seu cliente.

A pessoa tem chance de mudar, de reorganizar a imagem que faz de si mesmo, e, consequentemente, seu comportamento, ao sair do ser estado de rigidez. Isso tem maior probabilidade de acontecer, a partir da recriação de um relacionamento que lhe permita reencontrar o que de mais autêntico existe dentro dela mesma, o seu Eu Verdadeiro, e despertar nela a coragem para arriscar a viver esta nova percepção de si.

Tenho uma forte inclinação para acreditar que isso seja válido para todas as idades, raças, credos, religiões, enfim, todos os seres humanos.

Para mim, psicoterapia é isso.

Sei que muitos profissionais trabalham de forma muito diferente desta, que descrevi neste breve documento.

Aqui, falei do meu trabalho, do que tenho experimentado durante esses últimos quase cinquenta anos como psicoterapeuta…

Muitos discordarão do que disse acima. Muitos concordarão. Muitos não entenderão.

Muitos terão inúmeras dúvidas sobre os princípios teóricos e filosóficos que norteiam a minha prática.

Isso é assim mesmo. Viva a diferença!!

Acredito que muitas pessoas se beneficiem muito e sejam imensamente ajudadas através de métodos completamente diferentes deste, que expus aqui.

Sei que esse benefício e essa ajuda podem chegar, até mesmo através daqueles métodos que se opõem radicalmente ao meu. Portanto, não há uma técnica, um método, uma prática que possa ser considerada a certa, a melhor.

Não pretendo afirmar que o que faço seja, por isso mesmo, o mais efetivo.

Também não estou dizendo que o que realizo é uma prática acabada, definitiva, completa, irretocável. Seria ingenuidade minha fazer uma afirmação deste tipo.

O que escrevi aqui é, apenas, uma descrição breve de como eu trabalho. O melhor que sei fazer, meu jeito de ser terapeuta.

Ele é um entre centenas de outros.

A melhor terapia é aquele que se mostra mais eficaz na ajuda ao cliente.

Gostaria muito de que as pessoas, que não são profissionais da psicologia, ou de áreas afins, enviassem seus comentários, falando sobre este texto.

Quanto aos meus colegas, os profissionais que trabalham como psicoterapeutas, estudantes que pretendem ser psicoterapeutas, teóricos com formação filosófica diferente da minha, se puderem, deem-me um retorno, mesmo que seja breve, pois, assim, poderíamos trocar ideias sobre este tema tão vasto e tão apaixonante que é a PSICOTERAPIA.