Amigos há muito tempo…

 

Jlbelas – junho de 2018

O tempo voa…

No dia 29 de junho de 1994, após minha jornada de trabalho, fui à casa de minha mãe, onde vivi por quase três décadas, comemorar o “Dia de São Pedro”. Essa data era muito marcante, para mim, para os amigos de infância que por lá ainda moravam e, principalmente, para minha mãe.

Todos os anos, como já lhes contei em outro texto meu ( “Theodoro, o Baloeiro”), sob a orientação desse saudoso amigo, construíamos enormes balões, cheio de lanternas, para soltá-los na festa de Dona Alcina.  Sim. A festa era essencialmente dela.  Sua alegria era contagiante e nos levava a crer que havia, em sua pessoa, algo mais do que a vibração de uma festeira com sua festa.

Todo ano, semanas antes do dia de São Pedro, ela começava a preparar, com a ajuda da meninada da nossa travessa, os cordões de bandeirinhas, e os demais elementos tradicionais da decoração das festas juninas, a festa do guardião das portas do céu.

Ela sempre se vestia à moda caipira, com roupas cheias de babados, as saias rodadas, um chapéu enfeitado com fitas e flores, cabelos com trancinhas e laços, maquiagem à caráter…. Uma figura bonita, que deixava transparecer uma felicidade indescritível.

Dona Alcina era a própria Festa de São Pedro.

Batas-doces, aipins, melado, paçoca de amendoim, cana assada, bolo de fubá, canjica, e muitas coisas mais, eram compradas por ela e oferecidas à garotada das redondezas que, a cada ano, aguardava o tão delicioso momento proporcionado por aquela gentil e amorosa senhora, gostada por todos que com ela conviveram.

A última festa de São Pedro, realizada por Dona Alcina, foi nesta data, 29 de junho de 1994. Ela faleceu no dia seguinte, sentada no sofá de sua sala de visitas, de repente, sem alarde, sem aviso. Foi uma surpresa dolorosa para todos nós que a conhecíamos. Mas, talvez não tenha sido surpresa para o guarda-chaves dos portões do céu. Acredito mesmo que ele a tenha recebido com um largo e afetuoso sorriso.  Afinal de contas, são muito amigos, há muito tempo, não é?