ESTUDOS – A Psicologia Fenomenológica

A PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA

        Resumo e comentários sobre o CAP.III do livro ” A Psicologia Contemporânea ” de Paul Foulquié-Edit.Cia.Edit.Nacional-2a.Edição.

                                         INTRUDUÇÃO

            “O dualismo cartesiano pusera os filósofos em extremo embaraço. Se a alma é essencialmente distinta do corpo e dos órgãos que nos colocam em relação com o mundo exterior, como adquirir certeza da existência dêste? Não há dúvidas que temos dêsse mundo representações muito nítidas, muito ricas e perfeitamente coerentes; representações, porém, inteiramente subjetivas, e cuja correspondência com um objeto exterior à consciência, nos é impossível verificar, pois, encerrados em nós mesmos, não podemos atingir nenhuma realidade objetiva. Para nós, um além do pensamento é impensável.” (pag.311)

        Esse início do capítulo III me parece importantíssimo para , logo de pronto, nos chamar atenção para uma das questões fundamentais e básica na fenomenologia: a impossibilidade de se ter acesso à realidade objetiva e a saída encontrada pelos filósofos para por fim a esse conflito surgido a partir dos questionamentos às conclusões descartianas.

            “… a atitude fenomenológica consiste em renunciar a essas discussões estéreis, para dedicar-se ao estudo do dado do conhecimento, sem eternizar-se na busca da natureza do conhecido, natureza que se nos mantém impenetrável.”… É o estudo desses fenomenos, cuja existência por ninguém é posta em dúvida, que faz o objeto da fenomenlogia(pag.311)

        Surge aqui, creio eu, a distinção importante entre duas palavras: nômeno e fenômeno. O “nomeno” seria a “coisa em si” e “fenômeno” a “coisa em mim”.

            “… os fenômenos fazem parte da realidade, mas pertencem a um nível inferior do real. Não existem senão na medida em que existe um sujeito que perceba as coisas, as quais aparecem em relação a ele. As coisas são um absoluto, ao passo que o fenômeno é relativo. Daí a tendência incoercível do espírito para só considerar verdadeiramente real o número ou coisa em si.”

        Não é, a partir da afirmação feita acima, se entender como foi, e ainda é difícil para muitos “cientistas” conceberem um método como o fenomenológico. Pois os dados subjetivos são sempre colocados de lado em favor dos “objetivos”, como se esses últimos fossem confiáveis e os outros não.

            ” Na perspectiva fenomenológica, a relação é diametralmente inversa. O fenomenólogo toma posição oposta à das concepções do senso comum e da ciência, para mostrar mais tarde que se contenta com os dados ingênuos da percepção, sem deformá-los pelo recurso a métodos artificiais.Para o senso comum e, sobretudo , para a ciência, o tipo da realidade é a realidade das coisas, dos objetos, da natureza, da matéria: esta mesa, esta casa, esta montanha, eis aí realidades absolutas.O que não é uma coisa ou um objeto – por exemplo, uma imagem mental, um sentimento – não tem realidade absoluta; não possui valor, senão por sua relação com um outro têrmo que pertence, ou se julga pertencer, ao mundo das coisas. As idéias não são levadas em conta, senão porque representam objetos reais que lhes correspondem; não sendo assim, são tidas por ilusão, pura aparência.”

        Essas idéias e explicações lançadas neste texto são muito importantes principalmente para as pessoas que estão interessadas nas atividades que envolvem contato humano. Os estudantes e os profissionais que atuam na área psi, etc… poderão entender mais plenamente a importância de certas atitudes na prática clínica, principalmente a complexidade e quase inviabilidade de se atuar dentro de uma perspectiva interpretativa dos fatos. Continuando o texto….

            ” Até mesmo o conjunto da vida psíquica não é tido como real, senão graças à consciência ou à alma, que são consideradas, senão como seres materiais, ao menos como fazendo parte da natureza, participando da permanência, da substancialidade da matéria.Logo, não há mais que um modo deser: o das coisas; e tudo o que existe é uma coisa ou participa do ser das coisas. O pedaco de madeira: eis o tipo de ser. A consciência não existe, senão na medida em que possui um modo de ser, análogo ao desse pedaço de madeira; os fatos de consciência são apenas modos de ser ou acidentes dêsse ser-coisa ou substancial, que é a consciência, apenas efeitos da ação das coisas sobre ela. O absoluto é a coisa.”Na opinião dos fenomenólogos, ao contrário, o fenômeno é que é o absoluto; as coisas, o mundo exterior, esta mesa, não têm, perante o fenômeno, senão existência relativa, e relativa ao fenômeno.; não é a representação dita objetiva, ou fenômeno, que depende das coisas ou do objeto, ao contrário, são as coisas ou os objetos que dependem da representação ou fenômeno.Com efeito, se, de conhecimento emconhecimento, remonto ao fatoprimeiro que condiciona todos os outros, deparo a consciência; e a consciência mantém-se sempre necessária à afirmação das coisas estranhas à consciência. …..

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