Somos amigos desde que eu tinha 4 anos de idade.
Naquela época eu não fazia ideia do quanto ele era importante, não só para mim, mas para muitas pessoas, principalmente para aquelas que ainda não carregavam dentro de si a semente da dúvida.
Ele, sempre envolto em mistérios, não frequentava muito a minha casa, diria mesmo que nunca brincamos nas calçadas e quintais, palcos das cenas infantis.
Meu amigo era possivelmente um ser de outro planeta cuja imagem aparecia e desaparecia como por encanto, deixando em mim a sensação de ter sonhado com uma pessoa que poderia ser, tão somente, fruto de minha imaginação. Mas…, eu acreditava nele, na sua mágica, no seu poder, talvez inspirado pelas leituras constantes dos almanaques dos super-heróis que povoavam meu mundo de criança.
Meu amigo, ainda faz parte do meu mundo de hoje, de adulto. Ele resiste ao tempo e nossa amizade permanece cada vez mais forte e verdadeira.
Nunca fui à casa dele. Nem sei onde ele mora. Mas isso nunca foi obstáculo para sempre termos nossos mágicos encontros.
Há muitos anos atrás, quando eu era ainda bem pequeno, ele era meu companheiro do dia-a-dia. Brincávamos com minha bola de futebol, com meus instrumentos de música, com meus livros… Eu, ainda que tivesse constantemente muitas crianças ao meu redor, muitas vezes preferia brincar sozinho, no canto do meu quarto, com meus brinquedos. Nesses momentos, ele sempre estava lá. Com ele eu dialogava e , durante o ano, planejava nossas futuras aventuras e quais seriam os brinquedos que ele traria para que pudéssemos brincar, no ano seguinte.
Meu amigo me ensinou a “esperar”. Certamente devo a ele esse grande aprendizado. Conheci, através dele, o significado desse verbo e, a partir disso, conquistei um enorme tesouro: a “esperança”.
Sempre que um ano vai terminando, lembro-me desse meu amigo. Sei que ele virá me visitar e trazer para mim mais um pedaço daquele tesouro que a cada ano se torna maior com a sua vinda.
Eu fui apresentado a ele, quando ainda era criança, e me disseram como ele era chamado. Depois, com o passar dos anos, fui descobrindo que ele era conhecido por muitos outros nomes. Mas, para mim, o que mais importa é o real presente que ele sempre me trouxe e ainda hoje me traz e que renova, a cada ano, o sentido de minha vida: a “esperança”.
Esperança que o mundo venha a ser melhor; esperança na vida que se mostra potente na inocência de cada criança; no amor incondicional dos verdadeiros amigos, força que nutre a vida.
Obrigado, caro amigo, NOEL
José Luiz Belas
Dezembro de 2019