Psicoterapia : Teoria e Prática
(Sobre a relação terapêutica)
J.L. Belas
Agosto de 2008
Texto dedicado aos(às) amigos(as) estagiários(as) do Hospital Estadual Psiquiátrico de Jurujuba – Niterói-1978
SUMÁRIO
Num texto em forma poética, tento passar para meus estagiários o modo como vivencio uma relação terapeuta/cliente e o que considero ser a essência de uma sessão de psicoterapia.
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Eu queria poder dizer-lhes, exatamente, o que sinto,
quando UM OUTRO de mim se aproxima e, com olhar interrogante, se pergunta:
Onde estou? Quem sou?…
Queria poder transmitir-lhes minha vontade
de entrar na “casa dele”, habitar ali
e sentir, bem de perto, suas alegrias e pesares.
Seria maravilhoso poder descrever-lhes, em tons fortes,
minha inquietude na espera de ser convidado a ultrapassar
a porta que separa o seu mundo do meu.
Bom seria também se vocês pudessem sentir
o sorriso que se abre dentro de mim,
quando abandono minha vida lá fora e
me entrego – todo – à vida dele.
Fico feliz quando ele me toma pela mão
e me leva a conhecer cada recanto de sua morada.
É como se eu deixasse de existir, me perdesse no universo dele…
– E começa a procura…
Aqui e ali nos desencontramos,
pois “a casa” tem muitos cômodos, e nós não a conhecemos bem.
Ele não tem, também, muita ideia de como é sua própria casa.
Somos dois exploradores de mãos dadas…
Os dias se passam e, muitas vezes, estamos “parados”, no mesmo lugar…
Não sabemos por onde ir, o que fazer…
Ele dá um sorriso alegre – “encontrou” um velho e querido brinquedo esquecido
pelo tempo que já longe vai…
É uma boneca de pano – velha, mas linda!…
É um carrinho sem rodas que lhe faz brotar – lá do fundo – uma lágrima de dor.
É um nome – Pedrinho – que faz com que seu corpo todo seja – de alegria – um
tremor só: foi uma época inesquecível !!!…
É um olhar fugidio e um ar de tristeza: uma gaiola já enferrujada e vazia…
Seu mundo vai-se tornando também meu.
Posso quase tremer de alegria, ou chorar de tristeza, ao “lembrar” de nomes e
ao “ver” objetos.
E eu “não existo” naquele momento…
Eu “sou” o outro.
Eu vivo muitas vidas além da minha.
Eu me sinto um velho… Eu me sinto uma criança…
Sinto-me EU. Sinto-me ELE, fazendo-me as mesmas perguntas:
Onde estou? Quem sou?
Que lindo! Você conseguiu de forma poética descrever o q ocorre num processo terapêutico fundamentado nas relações humanas. Muito emocionante. Sou estudante de psicologia e realmente compreendo o processo terapêutico dessa forma. Darei o melhor de mim nessa troca incessante: Onde estou? Quem sou?
Muito bacana seu site! Adorei! Gratidão pelos textos publicados!
Claudia, somente hoje estou lendo seu comentário. Obrigado pelas palavras gentís. Desejo muito sucesso em sua profissão e que ela seja marcada pelo desejo profundo de conhecer o outro e a você mesma. É, sem súdida, uma aventura fascinante que vale a pena viver. Caso possa ajudá-la, de algum modo, entre em contato. prefiro que seja pelo josebelas@gmail.com e avisando pelo zap que me enviou o e=mail para mim. OK? 21- 99978-2628 Um abraço.