ERICH FROMM
No núcleo do grupo psicanalítico, operou-se um ativo movimento contra os pressupostos biológicos da psicanálise freudiana, registrando-se um considerável esforço para conceber os problemas psicanalíticos em função da dinâmica social.
Os representantes dessa tendência consideravam que os fatores que operam, tanto nas neuroses como na construção da personalidade normal, são os provenientes das pressões culturais em conflito ou das exigências cobradas ao indivíduo, ante as quais não consegue satisfazer-se de modo adequado.
Seria difícil precisar em que ponto esse movimento (chamado ala esquerda da psicanálise) teve início. Entretanto, difere dos múltiplos grupos dissidentes do sistema freudiano, que surgiram em anos anteriores.
Esse movimento culturalista surgiu da convicção básica de que o sistema freudiano, de supostos biológicos, não se adaptava convenientemente ao estudo dos homens na sociedade industrial e era muito menos aplicável aos centros urbanos norte–americanos contemporâneos. Talvez fossem adequados à sociedade vienense de meio século atrás – ou talvez até de menos tempo – na qual a família patriarcal tinha profunda influência na formação dos indivíduos desse local.
Erich Fromm foi quem esboçou, por volta da década de 30, uma teoria “da autoridade e da família” e que colocou em destaque os questionamentos dos postulados referentes às relações pais e filhos, tão importantes para a construção do conceito freudiano do Complexo de Édipo.
Fromm começou a levantar várias questões em relação aos diversos contextos culturais e às suas maneiras de expressar e de formar o caráter dos indivíduos.
Acreditando que os mecanismos psicanalíticos acabariam transformando-se em verdades para o estudo de todas as culturas, isto é, que todos os grupos culturais apresentariam os fenômenos básicos propostos pela psicanálise, tais como o da repressão, o da projeção, o da racionalização, etc., Fromm sustentou que o núcleo específico da neurose e, na realidade, do modo particular de formação da personalidade de um indivíduo, dependia consideravelmente do tipo de pressão social exercida sobre a pessoa durante os seus primeiros anos de vida.
Fromm compartilhou destas idéias com muitos discípulos seus, bem como com grupos de médicos e psicólogos aos quais estava vinculado.
O livro mais conhecido de E.Fromm é, sem dúvida, O Medo à Liberdade.
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Obs.
Trad. de trecho do livro de Gardney Murphy, Psicologia Contemporânea, Ed.Paidós – Argentina