CRÔNICAS E CASOS – Recadastramento Dos Inativos Do RJ – 03

RECADASTRAMENTO DOS INATIVOS DO RJ

UMA MANHÃ NO DETRAN  (Terceira Temporada)

JLBelas

04 de agosto de 2006

 

Em março deste ano, escrevi sobre minha ida ao Detran, para cumprir uma exigência do Governo do meu Estado. A Secretaria de Administração solicitou, corretamente, que todos os servidores aposentados que se recadastrassem.

Cumprir esta exigência, aparentemente simples, em março, foi uma experiência muito intensa para mim, e, por isso, achei por bem dividir esse momento “emocionante” com as pessoas amigas e passar para elas, através de um artigo, o que vivi naquele dia, naquele Órgão Público.

Em julho, como houve um problema na obtenção das minhas digitais, quando estive lá em março, retornei ao Detran para completar o meu recadastramento, e também escrevi sobre essa outra experiência.

Hoje, tive que voltar, pela terceira vez ao Detran, para que as minhas digitais, finalmente, fossem “capturadas” e, por isso, estou escrevendo mais um capítulo desta emocionante aventura.

 Poderia ter dado ao primeiro artigo o título: UMA MANHÃ NO INFERNO. Ao segundo, ENTRE O INFERNO E O PURGATÓRIO. Este, agora, chamaria  CHEGANDO AO PURGATÓRIO.

Estas palavras, INFERNO, CÉU, PURGATÓRIO sempre me pareceram cheias de potencialidades e ótimas para serem usadas quando as emoções fortes se fazem presentes em nossas vidas.

MAS QUE INFERNO ! ! ! ! !

ISSO AQUI PARECE O CÉU ! ! ! ! !

PURGATÓRIO sempre desperta, em mim, a sensação de ? ? ? Isso mesmo: muita interrogação, dúvida sobre o que virá pela frente e quando a tal coisa virá.

Entretanto, sugere, também, que está por vir algo provavelmente mais brando, menos quente, menos confuso. Um estado de “paz por chegar”.

 Pois é! Cheguei lá e deparei-me com paredes pintadas de branco (talvez, no Céu, elas sejam assim), mas havia, além do branco, uma barra cinza-escuro na base – próxima ao chão (talvez elas, no Purgatório, sejam assim, não totalmente branquinhas). E essas ideias e imagens foram passando pela minha cabeça, nessa manhã do dia 4 de agosto de 2006.

É claro que, depois de tudo que passei em março, meu olhar ficou meio desconfiado e atento. Sei lá o que me espera nesse ambiente “purgatorial”?!

Mas alguns fatos foramme convencendo de que ali era, mesmo, o Purgatório. Não havia anjos, mas, igualmente, nenhum diabo eu vi por lá.

Fui atendido, depois de entrar numa bem organizada e pequena fila. O funcionário foi gentil e ágil. Pegou, rapidamente, aquele “Envelope Simpático”, sobre o qual falei no Primeiro Capítulo da “Segunda Temporada”, e… AÍ, ACONTECEU O INESPERADO.

Tive a certeza de que havia caído numa armadilha!!!!

Ali não era o Purgatório!!!! Estava novamente no INFERNO ! ! ! ! Valha-me, Deus !!!!

Sabem por que tudo isso? Esse desespero? Adivinhem?!

Olha só o que aquele gentil funcionário, que me atendeu, me disse:

“O senhor está vendo, aqui, esse QUADRADINHO?”

Cara, eu GELEEEIIIIIII! Era o próprio demo disfarçado, diante de mim, de novo! Só poderia ser isso!!

 Não merecia tanto castigo assim! Pensei. E, de pronto, respirei forte, concentrei-me profundamente, recitei alguns mantras baixinho, mas fervorosamente, preparando-me para ouvir o resto da frase que ele estava por dizer:

 – O senhor deve escrever sua assinatura dentro dele. Não pode ficar nada fora do quadradinho!

Acredite, se quiser. Meu amigo, você pode imaginar o que eu pensei nessa hora. Não pode?

 Mas, acho que Deus ouviu as minhas preces de pecador sinceramente arrependido e, como num milagre, peguei a caneta que o moço me deu (não a minha, como da outra vez) e… AAACERTEEEIIIII DE PRIMEIRA!

Realmente, ali era o Purgatório. Aquele susto fazia parte dele.

Afinal, se não acontecesse isso, lá seria o Céu. Não é?

Depois deste teste, fui submetido a mais dois: tirar uma nova foto (que ficou boa de primeira), e, logo depois, sujar meus dedos para deixar suas marcas num belo e “bem apessoado” papel brilhoso.

– Tudo terminado?

– Precisarei voltar aqui para pegar a minha identidade funcional? Perguntei, ainda meio desconfiado, ao primeiro funcionário que me atendeu.

Ouvi então uma resposta curta e segura:

 – Não, senhor. Essa identidade será encaminhada para o senhor pela SARE (Secretaria de Estado de Administração e Reestruturação).

E fez-se um silêncio, reticente… vago… indefinido…

Nesse momento em que ouvi isso, percebi que ainda falta muito para eu me curar do “trauma de março”. Minha cabeça, rapidamente, criou:

SERÁ QUE VAI COMEÇAR UMA OUTRA HISTÓRIA?! !

UMA QUARTA TEMPORADA?