Quem pisou primeiro o solo da Lua?

Pessoais/Crônicas

JLBelas – 2006

 

Eram 23horas e 56minutos do dia 20 de julho de 1969.
Eu esperava ansioso, diante da TV, a chegada do primeiro homem que iria pisar, pela primeira vez, o solo da Lua.
Para muita gente, esse dia era um como outro qualquer. Um dia que estava terminando depois de muitas horas de trabalho e que, certamente, poderia ser recompensado com um delicioso sono. Era hora de dormir…
Mas isso não estava acontecendo comigo, naquele dia, naquele momento.
Nunca pensei em ser um astronauta ou um astrônomo. Nunca soube bem o nome das constelações, bem como de suas localizações no firmamento. Portanto, nada me era tão pouco familiar do que a viagem de um astronauta e suas missões no espaço. Entretanto, naquele julho de 69, lá estava eu, colado na telinha, acompanhando cada movimento do Armstrong. Mas o que me motivava tanto? De onde vinha aquele meu interesse todo?
Para entender melhor essa minha euforia, tenho que contar uma pequena história que teve seu começo quando eu ainda era bem pequeno: 9 ou 10 anos de idade.
Na rua onde eu morava, nessa época, não havia iluminação pública. Era uma pequena travessa com poucas casas. Por isso, constantemente a escuridão tomava conta dela, proporcionando condições ideais para que esse pedaço de chão, feito de saibro bem arenoso, se transformasse, magicamente, no meu “campo de decolagem e de pouso” para minhas “viagens pelo espaço sideral”.
Havia ali a combinação perfeita: escuridão, um céu cheio de estrelas e ela, majestosa, a LUA.
Nas noites, quando as condições todas eram favoráveis para começar “minha viagem”, deitava-me com as costas sobre o chão, abria meus braços como asas, olhava firme para o céu e, depois de alguns minutos, nesse estado de contemplação do firmamento, do espaço infinito à minha frente, começava a aventura esperada: surgia a sensação do voo. Eu “saia voando”. Era um voo lento, parecido com o de um balão que, aos poucos, vai subindo, inicialmente vagaroso e ganhando força até alcançar as alturas.
Era assim que eu me sentia. Meu corpo lentamente ficava leve, leve e mais leve ainda. Aí eu começava a ter a sensação de me estar afastando do chão, devagarinho e, de repente, me sentia solto no ar, cada vez mais longe de minha rua, de minha casa, do meu bairro, do meu país, do planeta Terra. Eu era um “astronauta”, vagando no céu noturno e imenso.
Nada mais havia, senão eu e o espaço infinito, repleto de estrelas, e principalmente ELA, a Lua.  E meu fascínio aumentava a cada experiência em que eu repetia esse ritual mágico e ao mesmo tempo profundamente real.
As crateras da Lua, suas sombras e sua luz ganhavam em mim uma dimensão indescritível, pois eu quase me via tocando nelas, pisando em seu solo…
As viagens, que antecederam ao pouso do módulo lunar, foram todas acompanhadas por mim com enorme entusiasmo. A que teve como missão levar o astronauta a pisar no solo da Lua não poderia deixar de ser vivida por mim, segundo após segundo.
Por isso, aquele 20 de julho de 1969 era o dia da concretização dos meus sonhos de menino. Chegara o momento: 23h56min.
Eu “estava lá, ao lado do Neil Armstrong”.
Pisamos, “juntos”, “eu e ele”, o solo da Lua.
Com certeza, “fomos” os primeiros a realizarem esta façanha.

     

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