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JLBelas -2018
Por ter nascido nessa data, deveria, por tradição, chamar-se José. Mas, lhe deram outro nome, muito diferente daquele pelo qual é conhecido o santo que é comemorado no dia em que ele nasceu: São José.
Certamente esse fato, ou esse descuido, não influenciou seu modo de ser, de viver a vida e a sua filosofia pessoal.
Ele foi o meu maior e melhor amigo. Com ele compartilhei muitas emoções, muitos momentos incrivelmente felizes guardados em meu coração, de tal forma e nem a morte teve o poder de apagá-los de minha memória.
Brincávamos, sorriamos cantávamos, jogávamos bola quase todos os dias, logo após seu regresso do trabalho.
Era um momento mágico vê-lo jogar futebol em um campo próximo de nossa casa. Eu vibrava e torcia a cada jogada que aquele baixinho fazia, vestindo uma camisa do time de seu local de trabalho e usando chuteiras de couro, como eram naqueles tempos dos anos 1950.
Ele era meu ídolo, aquilo em que queria tornar-me quando fosse mais velho: um apaixonado pelo esporte uma pessoa íntegra amante da família, trabalhador, inteligente e interessado em tudo que pudesse acrescentar algo de bom à sua vida e a dos seus.
A música o encantava, o trabalho o realizava, a política sindical o motivava, o futebol o apaixonava, mas, primeiro de tudo, o respeito ao outro se fazia profundo em cada gesto seu. E eu sentia isso na pele, no modo como me tratava, me olhava, me ajudava, me amparava e acreditava em mim.
Devo a ele, grande parte de meu modo de ser e viver, pois com ele aprendi que as coisas simples são as mais valiosas na vida da gente. Aprendi que lutar é preciso, mas que, nem sempre, as vitórias são nossos maiores ganhos.
Aprendi, com ele, que há um tempo para se construir e um tempo para saborear o que foi construído, e que não é prudente alterar essa ordem.
Eu o vi construir tudo aquilo que desejou construir, num tempo certo, sem pressa, sem angústias e atropelos. E isso fez com que ele pudesse estar sempre presente, por inteiro, em nossa família.
Sua atitude firme e doce sempre nos transmitiu uma segurança indescritível, como fosse um profeta de sua própria vida.
Por tudo isso, creio que, embora lhe tenham dado o nome de Felinto, José lhe cairia bem.
Hoje, nesta data, se vivo fosse, meu pai teria realizado a proeza de completar 104 anos de vida. Mas, acho que ele, pra fazer tudo o que teria que realizar por essas bandas de cá, não precisou estar aqui por mais tempo do que esteve.
Ele, dentro de mim, continua vivo e tem apenas sessenta e sete anos, idade que ele tinha quando nós nos despedimos.
Guardo em mim, a lembrança de seu sorriso, seu olhar tranquilo e determinado, de seu amor por mim.
Feliz Aniversário, querido e saudoso PAI !
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